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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

(POEMA) Onde Estás?

John Bauer
Minha mimosa, onde foi que
te enfiaste tão dengosa?
com que sorte
te afastaste lacrimosa?
Onde foi que te perdeste?
Diz-me, querida minha,
pois daquele lado ou mesmo deste
não te acho, minha pombinha...
de onde gritas tão ardente,
tão chorosa e descontente,
desprotegida e sem consolo,
a tudo tão assim sujeita
a todo tipo de intempérie
que a ti tão rude fere?
De onde caem estas lágrimas
que encharcam todo o chão?
Quero com o calor de minha mão
no teu rostinho elas secar.
Baixinho e soluçando choras,
e se não me contares onde estás
como poder-te-ei encontrar
assim sem muita demora
e meu coração então curar? [22/02/2021]

domingo, 1 de dezembro de 2019

(POEMA) O Vale de Esqueletos

Caspar David Friedrich
No vazio do universo
o Sol viu a Lua e se apaixonou,
então no seu intelecto
mil planetas para ela desenhou.

Quis ele verdes campos,
e montanhas e florestas,
e que brotasse em plena festa
mananciais a descer barrancos.

Quis ele que do mundo das ideias
descessem pássaros a voar,
mas que também na terra e no mar
se povoasse de flores e lampreias,
multiplicassem-se amores e odisseias,
Dom Quixotes e Dulcineias.

Mas quis a Lua as costas virar,
e sem ter dito nem feito mais nada
condenou os mil planetas
a serem apenas ideias, memórias e carcaças,
e o universo, um vale de esqueletos. [01/12/2019]

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

(POEMA) A Essência na Metade


Edvard Munch
Falta um pedaço bem aqui,
que causa dor e até gemidos;
isto que sangra é uma ferida
de onde jorra a essência minha
em busca da que falta a partezinha.

Mas quão surpreso eu não seria
se não soubesse o que a guia
para fora no escuro
e na árdua vida dura.

Sei bem o que falta
e que atrai minha alma
como à lua do mar as águas
e arrisca dissolver
minha essência no vazio
até o último fio
e assim se extinguir
para nunca mais viver. [14/08/2019]

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

(POEMA) Lava que Canta

Michelle Pier

Sete dias em fechadas matas
o herói procura sua amada,
mas não aparecia nenhuma luz;
de escuridão em escuridão ele andava
até que de repente: zhuhz!
Com um estrondo iluminou-se
e piscou uma trilha em transe.

De novo reina o escuro,
mas dessa vez junto de um barulho...
terrestre, grave, profundo, e algo ruge
muito quente mais adiante
e um canto, suave, também surge.

De doçuras fala a cantiga,
embora de língua desconhecida
e de palavras que não se entende.
Apenas ouvindo é que se apreende
o conteúdo de beleza pura;
suave e virgem, mas carregado e muito quente
ele promete alguma cura.

Nosso herói, um pobre cavaleiro buscador,
descobre então de onde vem tanta flor.
De um penhasco em vermelho,
sob um céu também sangrante,
brota, líquida, a tanto buscada amante,
de cujo seio, sublimando, sopra um único conselho.

Perfeita, ardente, absoluta, tenebrosa
é a substância primeira e última,
a razão de todos os cultos,
a paixão de todos os vultos,
a direção de todos impulsos.

Chamado e convocado,
nosso herói se oferece
e se atira lançando uma prece,
e mergulha, e se afunda, e fenece. [01/08/2019]

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

(POEMA) A Short Mission of Beauty

Aleah
From somewhere distant
comes a voice from without
delivering a message
into my soul, a whisper.

Clad in words and sounds
something different she speaks
and no one acquaints
but directly by soul.

A breath, a phantom of voice,
a ripple of memories from anywhere
moans down here and there
-- a spark who awakens and toils

disturbing men, demons and gods,
lifting them by only mots
which sink bright into the earth
to disperse chaos and dark.

Eternity comes true
and life turns a dream;
death, only a mean
for this goddess Beauty.

Yes I can breath
thee entirely;
while thou speakest to me
I merge, Aleah.

From night skies thou fallest down here,
sparkling stars from ether
the smoothing cold God's face,
to us affordest a painful Starbridge
(to walk, to think, to love and die through).

Creation for god is an instant
as for it into itself is his message,
everything in a trance we grasp,
in our heart everything is intimate.

So thou came to shine
and stayed for short,
put the world in lost
and departed to Light.

Up is down and down is up,
left is right and right is left,
death is life and life is death,
in this way all is sure:
by thy side I will be fine,
by thy side god ever shines.[01/01/2018]

Em memória de Aleah Liane Stanbridge (Starbridge). Não a conheci, mas sua voz, seu rosto e seus poemas, gravados em músicas, além de serem de uma beleza incomum são de alguma forma muito familiares e misteriosos, e de alguma forma profetizam seu estranho destino. Veio e foi-se jovem, feito uma centelha que desceu apenas para estalar uma mensagem e recolher-se à sua morada original. Nem todos descem sem missão.

domingo, 25 de junho de 2017

(POEMA) Teu Nome Inefável

Álvaro Hauschild

Teu nome eu respiro
nos ventos da aurora
e o fogo sem demora
me inflama o espírito.

Preciso dizer teu nome
às flores e macieiras do jardim,
mas não consigo dizer o que está em mim,
ó, esta maravilha incessante!

Permitiriam-me os anjos dizê-lo?
Não dizê-lo é doloroso
quando o nome amoroso
é da amada esquecida e dormente.

Morre o mundo por dormir
do amor o centro lácteo
que nutre o mundo ordenado,
ó, linda, dona de mim!

Desperta e olha nos olhos meus
vida pura e flamejante,
reflexo no teu amante
da vida e do amor que é teu!

Com teus olhos, me olhando,
então dizes o inefável,
o qual dizer é necessário:
teu nome, nós nos amando. [24/06/2017]

segunda-feira, 19 de junho de 2017

(POEMA) Deusine

Karl Wilhelm Diefenbach

Das lâmpadas odeio a luz,
amo a das velas e ainda mais a da lua,
amo ver nelas minha amada nua,
a quem estas luzes todas me conduzem.

Dos homens todos odeio o barulho,
amo o dos trovões e ainda mais o do silêncio,
amo sentir neles da minha amada a presença,
que me leva para casa, dentro do seu útero.

De toda a humanidade odeio a atividade,
amo o sossego e ainda mais o recolhimento,
amo inspirar neles da minha amada o alento,
minha vida pura, pura felicidade.

As vozes do mundo todas odeio,
amo a solidão e ainda mais o vazio,
amo deitar com minha amada no frio,
mergulhar meu espírit' em seus alvos seios.

Odeio com os homens à mesa comer,
amo o alimento do belo e sublime,
amo as delícias da minha amada Deusine,
pelas quais meu corpo deixo morrer. [19/06/2017]

quinta-feira, 15 de junho de 2017

(POEMA) Wie die Blumen Wieder Kamen

Konstantin Vasiliev
Auf dem Feld lauft ein Kind,
das ein Speer in die Hände hat
und stark zu den Wind
schreit es, um die Götte rufen an...

Da kommen die Götte alle heraus,
die das Kind eine Frage lassen:
“was suchst du unser Kind, so schwach und allein?
Du bist d' erst in tausende Jahren...”

“Ein Mädchen, das ich sehr viel liebe,
ist krank, und sie sagen, dass es sterben muss;
aber die Welt kann nicht ohne seinen Kuss.
Was kann ich tun?”, kommt es, um zu bitten.

“Uns'r liebes Kind”, sagen die Götte im Feld,
“das Mädchen, von dem du jetzt sprichst,
aus (dem) Tod das schreckliches Fleisch isst
und kein Medizin kann das Mädchen helfen.

Du kannst aber dein Leben gut nehmen:
währen du lebst, du darfst ein Schloss haben,
berühmt und ansehnlich sein von allen,
und niemal von die Krankenheit errecken”.

So antwortet das Kind: “ohne den Kuss,
den gibt das Mädchen, kann nicht der Fluss
in meinem Schloss schönen fliessen,
auch nicht die Vögelein fliegen,
die Sonne im Himmel mir scheinen...
ohne es gibt es nichts von meinen.

Geb mir den Tod, die fürchterliche Fleisch;
die Welt will in Ginnungagap zurück-sterben;
die Blumen blühen nicht in die Reich von Melkor;
Eros kann aber nicht ohne Psychê bleiben...

da mach, dass mir der Donner kommt...!”
Und mit seinem Speer starrt es auf sein Herz.
Das Blut durch die Welt macht, dass neue Meere
und neu' Erde für alle kommen.

Die erste Blumen blühen aus,
um die Sonnens Scheinen erreichen,
wo das Blut auch erste kam – Heiss!
– von einem Geist und Herz raus. [12-16/02/2017]

sexta-feira, 9 de junho de 2017

(POEMA) O Vale Remoto

Hans Dahl

No vale remoto, em meio a silentes
picos nevados cobertos por coníferas
que guardando verdejam secretos sonidos
ouvidos por todos e por flores e abelhas,
desce um riacho tilintando suave
percorrendo os campos de flores repletos,
e de musgos, e liquens, gramíneas completos,
e descendo do alto se perde e se vai...

Apolo do alto, iluminando secreto,
toca dourado no campo sozinha
fiel e farta macieira amorosa
dando frutos a mãe generosa
à bela Urânia, amor d'uma vida...

Urânia, Urânia, corpo celeste,
de estrelas longínquas é feita tua pele;
teus olhos brilhantes o riacho te deu
das águas frescas que o céu as bebeu;
longos, muito longos, finos e leves
são de ouro os fios tecidos,
no ar dançando e mostrando o caminho
a mim, que longe poderei me perder do paraíso,
da tua alma feitos, luminosa e cristalina...

Mas desce correndo também do castelo
para os campos, até nós, se misturando
e perdendo entre as flores mirantes,
e seus risinhos com o tilintar fresculento
do riacho se confundindo e fundindo,
desce ali graciosa nosso fruto
saído do ventre celestial, do tudo,
desce ali Ágata, a da beleza detentora
para quem mil olhos com mil lágrimas
suficientes não seriam na alegria redentora.

No alto do vale remoto, por Apolo desenhado
guincha sobrevoando um pássaro observado. [09/06/2017]

segunda-feira, 1 de maio de 2017

(POEMA) Florzinha sob o Caos

Arno Brecker

Ó doce florzinha,
tão pálida e pequenina,
tão frágil, ó menina,
qual é o segredo que germina
e existência te dá,
e resistência também,
neste mundo onde vão e vêm
a dor, a morte, a impermanência e o caos?

Ó minha anjinha,
tão sensível e tão levada,
quando os ventos mornos
te levarem para longe
e então te abandonarem,
o que farás em meia-estrada
sozinha, indefesa e machucada?

Ó livre andorinha,
princezinha dos céus,
por que te vais sempre mais longe
em busca do alaranjado,
no horizonte açucarado,
se o sol é o mesmo todo dia
e encontrarás apenas a noite?

Ó transparente cristal,
por que te maculas te afundando
na lama, te fazendo perder
em movediça areia decaindo,
para onde te encontrar ninguém
poderá, nem mesmo querendo?

Ó filha de Selene,
luz fria e tenebrosa,
ó minh'alma manifesta
em doçura amorosa,
assim tão longe não te percas,
assim tão grave não te machuques,
assim tão feio não de mudes,
assim tão dolorsamente
não me mates. [01/05/2017]

terça-feira, 14 de março de 2017

(POEMA) Drowned Together

John Martin

The skies will fall down
and we will be drowned
by the angels blood
in the greatest flood;
so thou wilt feel how
everything'll be love.

This liquid thou drinkst
that falls from the spring,
from the heart of angels,
oh... the fire of angels,
'll unite what our rings
'nly representated.

As will our two souls
our flesh will dissolve
in the red dark see
in order to be
rescued from the cold
'f living dual-being.

From the dispair of...
of living alone
each one by its side
thou, darl(ing), become(st) mine
and it'll be 'nough
'cause I, sure, am thine.

And I will be thee,
and thou wilt be me,
and we will be one
'cause we'll be the blood
that once had us killed
and now made us live
in the eternity. [14/03/2017]

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

(POEMA) Um Poema em Curvas

Alfred Guillou

Ó tu, o mais vivo dos poemas,
mais imenso que as tempestades,
que me flagela de saudades
em curvas de belas tormentas!

Ó tu, poema destilado em pétalas
adormecidas em campos elísios,
cujo aroma deveras indizível
não cabe num pedaço de papel!

Ó tu, que meus olhos não conseguem ver,
mas cujo brilho e alegria
embriagaram-se, terríveis,
e minh'alma só a ti consegue ver!

Ó tu, poema que abate e suicida
e transforma o mundo inteiro,
bastando um olhar sorrateiro,
(mas) que'm palavras é rebelde e fugidia!

Ó tu, que arde sem queimar,
que dói sem ferir,
presente sem vir,
que funde e inflama sem beijar...

não traz, então, conhecimento
e muito menos felicidade,
mas inunda c'essa tempestade
o vazio, e traz luz do firmamento! [28/01/2017]

sábado, 31 de dezembro de 2016

(POEMA) "Puro Nervo"

Edvard Munch
Quando da tua bela face,
pálida como a neve,
oprimida de leve
por lânguido tom rosado,

vibram calorosas pétalas,
já sei bem o que dizem
os brilhantes olhinhos
espremidos sob o véu

de lânguida doçura
que, macios e transbordantes
como nunca foram antes,
miram lugar nenhum;

sei muito bem o que dizem
esses passinhos ligeiros,
hesitantes por inteiro,
sem saber para onde ir;

sei o que dizem também
esses bracinhos tensos
sem encontrar talento
para a tranquilidade,
que no ardor da pouca idade
pra lá vão e pra cá vêm;

das mãozinhas suaves,
nervosas, passivas, úmidas,
tu mesmo diz(es): "ó, é puro
nervo!" então teus lábios

para além das palavras,
só com o movimento,
c'o hálito qu' m' alimenta,
clamam pelo inefável

toque do meu calor,
pelo psicodélico mergulho
'm rodopiantes águas, profundas,
do mais perdido amor. [31/12/2016]

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

(POEMA) Flor que Fala Silenciosa

Daniel Ridgway Knight
Teus olhos a mim falam
e com os meus eu te beijo;
florzinha sob a faia,
assim bela és quando a vejo;
te sentas à natureza,
és uma flor entre as irmãs
sob o sol bem alegre e sã,
és de Deus pura beleza. [26/09/2016]

domingo, 18 de setembro de 2016

(POEMA) Ah, se eu te amar soubesse...

Hans Dahl
Ah, se eu te amar soubesse,
quem sabe a dor não tanto seria,
quem sabe então tuas vestes
dentro de mim estariam,

e não mais fora de mim buscar
seria algo tão urgente
o que a mim motivo dá
para ser algum vivente;

ah, se eu te amar soubesse
não me causariam tanto horror
teus olhos a quem as preces
minhas são com terrível louvor:

diante de mim são como o mar
onde se afogar contente,
como aquele que retorna ao lar
depois de uma existência
inteira perdido vagar. [18/09/2016]

domingo, 12 de junho de 2016

(POEMA) O Chamado do Inverno

Fotografia: Miriam Cardoso de Souza, Caxias do Sul-RS
Ó, Inverno,
se te perguntasse por que
tão belamente te sentas
sobre todas as coisas,
por que danças atravessando sendas,
com a luz do sol despertando
a atenção dourada das plantas,
satisfazendo o paraíso terrestre
do joão-de-barro que anda
e ao invés de voar ao longe
se regozija contente contemplando;
se te perguntasse,
senhor sábio e bondoso,
por que me chamas de longe
a perder-se para sempre
em memórias não vividas,
em terras desconhecidas,
o que me dirias então
além de espantar-me
como sempre com mais
radiante chamado?
O que mostrar-me-ias
além do céu em tarde ensolarada,
o brilho gélido das estrelas,
misteriosamente distantes e vigilantes,
e dos raios esfumaceados da aurora
que, tocando as florezinhas do campo,
banham-nas em doce orvalho,
despertando-as para a jornada do mundo?
De onde vens,
para onde vais, ó Inverno?
Aceito partir, mas desconheço a estrada.
Hás de mostrar-me, pois te invoco espantado. [12/06/2016]

quinta-feira, 14 de abril de 2016

(POEMA) O Resgate de Wotan

Peter Nikolai Arbo
Soam as trombetas:
aos que escutam, Wotan chama;
estão postas as valkírias,
e elas veem pelos hinos
que ainda arde intensa chama

no gelo do vale da morte;
um mensageiro reúne e guia
as almas quentes e sofridas
para o inefável reino do norte.

Despedaçam-se as montanhas
e as grutas se põem a gemer;
loucos uivam os cães,
e o chão, rompendo, não os pode mais conter.

Mas sopra e assovia o vento
a resgatar as almas quentes:
como pássaros, se põem a voar
e às valkírias, enfim, emigrar. [14/04/2016]

(POEMA) A Mensagem de Zeus

Karl Wilhelm Diefenbach

A escuridão impenetrável
oculta uma mensagem,
mas querem os céus que viaje
nela uma alma obstinada

Das imensuráveis nimbus,
então, capta a alma um som;
cacos de luzes são
os predizeres sobre um deserto dormindo.

Troa Zeus no alto
e através das nuvens abre caminho,
e avisa ao que está no caminho
que dos tempos haverá um salto:

tempestades se aproximam
e os céus já desabam;
são os deuses que combatem,
e haverá sol só quando raiar de cima. [14/04/2016]

quinta-feira, 7 de abril de 2016

(POEMA) A Queda do Anjo

William Adolphe Bouguereau

O anjo querido do Pai,
em glória a Ele e à sua imponência,
o presenteia com a obra;
o Pai, resoluto, já não fala,
enquanto a obra vive com violência.

A obra vive e transluz e,
falando e cantando e dançando,
o que o Pai conhece ela diz demais;
o anjo, mirando a riqueza maravilhado,
se põe a admirar o espetáculo.

Mas qual não foi a desgraça
da inocente criatura divina quando,
ao se voltar para a obra viva,
se esquecendo do caminho tropeça e,
as asas perdendo, cai e se fere! [07/04/2016]

terça-feira, 22 de março de 2016

(POEMA) A Jornada

Pintura de Andriey Gusielnikov
O deus reflete, contempla a si
e desenha Gaia, uma coroa florida;
em êxtase descende para ela e,
perdendo-se, engendra nela o Mundo.

Adão, solitário, dá do seu
e, graciosa, dança Eva no jardim;
preenchido de amor invade
os portões e, Eva, dá ser ao Homem.

O homem, vendo o deus
descobre as curvas da mulher;
ela dança, foge e chora e,
penetrando-a, guarda nela o homem a semente do Profeta. [22/03/2016]