sábado, 31 de dezembro de 2016

(POEMA) "Puro Nervo"

Edvard Munch
Quando da tua bela face,
pálida como a neve,
oprimida de leve
por lânguido tom rosado,

vibram calorosas pétalas,
já sei bem o que dizem
os brilhantes olhinhos
espremidos sob o véu

de lânguida doçura
que, macios e transbordantes
como nunca foram antes,
miram lugar nenhum;

sei muito bem o que dizem
esses passinhos ligeiros,
hesitantes por inteiro,
sem saber para onde ir;

sei o que dizem também
esses bracinhos tensos
sem encontrar talento
para a tranquilidade,
que no ardor da pouca idade
pra lá vão e pra cá vêm;

das mãozinhas suaves,
nervosas, passivas, úmidas,
tu mesmo diz(es): "ó, é puro
nervo!" então teus lábios

para além das palavras,
só com o movimento,
c'o hálito qu' m' alimenta,
clamam pelo inefável

toque do meu calor,
pelo psicodélico mergulho
'm rodopiantes águas, profundas,
do mais perdido amor. [31/12/2016]

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