domingo, 12 de junho de 2016

(POEMA) O Chamado do Inverno

Fotografia: Miriam Cardoso de Souza, Caxias do Sul-RS
Ó, Inverno,
se te perguntasse por que
tão belamente te sentas
sobre todas as coisas,
por que danças atravessando sendas,
com a luz do sol despertando
a atenção dourada das plantas,
satisfazendo o paraíso terrestre
do joão-de-barro que anda
e ao invés de voar ao longe
se regozija contente contemplando;
se te perguntasse,
senhor sábio e bondoso,
por que me chamas de longe
a perder-se para sempre
em memórias não vividas,
em terras desconhecidas,
o que me dirias então
além de espantar-me
como sempre com mais
radiante chamado?
O que mostrar-me-ias
além do céu em tarde ensolarada,
o brilho gélido das estrelas,
misteriosamente distantes e vigilantes,
e dos raios esfumaceados da aurora
que, tocando as florezinhas do campo,
banham-nas em doce orvalho,
despertando-as para a jornada do mundo?
De onde vens,
para onde vais, ó Inverno?
Aceito partir, mas desconheço a estrada.
Hás de mostrar-me, pois te invoco espantado. [12/06/2016]